quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Cartigo Diário 1 - Privilégios (e a falta deles)

Hoje, depois de sair de um médico, passei em outra clínica para marcar outra consulta. Se você é do Piauí e conhece o Iapep, sabe a dificuldade de marcar consultas pra quem tem esse plano. Mas chegando lá, o médico estava passando na recepção e disse que me atenderia naquele momento. Não precisava marcar nada.

É inevitável sentir peso na consciência. Pelo menos pra mim. Me queixei de dificuldade, mas a minha é muito pouca. Eu não faço a mínima ideia de quão difícil é marcar uma consulta pelo SUS. Só utilizei o serviço de urgência e emergência dele. Quantas pessoas morrem todos os dias pela precariedade do sistema público de saúde. Nisso admito que tenho sorte e privilégio. Salve minha mãe por ter esse cuidado comigo até hoje. Mas nem por isso devemos desistir do SUS. Exigir saúde pública de qualidade é direito nosso, que pagamos caro para não receber.

Direito ao trabalho eu também não conheço. Não aquele com carteira assinada, cheio de "direitos", cada vez desaparecendo mais no governo golpista que temos hoje. Fui entregar meu currículo em um repartição pública que está encarregada de uma seleção. Eu juro pelo que você quiser que umas 30 pessoas entraram naquela sala em menos de 2 minutos. Foi incrível e desesperador. Infelizmente, a maioria de nós vai acabar aceitando qualquer subemprego, e de bom grado. O que eu espero que nosso cansaço de sofrer nos dê força pra lutar contra o que nos oprime.

E quando você não sabe que pode lutar? Hoje, passando pela Praça da Bandeira, mais um vez eu vi um homem negro sendo esculachado pelo polícia. Segurado pela roupa, empurrado, chutado, xingado. Eu não sei se ele era culpado de alguma coisa. Estava passando de ônibus por ali, só. Mas o abuso de poder se ressalta no meio dos olhares de "justiça" que acompanhavam o rapaz. Abuso de poder vai do policial ao espectador. Poder olhar de longe foi meu privilégio. Mas poderia ter sido eu.

Bem-vindas(o) novamente ao Cartigo Indefinido

Oi, mé que tá? Fique à vontade aqui no meu blog, onde eu escrevo artigos, crônicas e outros conteúdos jornalísticos/literários.

Esse projeto começou como meu TCC (trabalho de conclusão de curso) em 2015, mas teve tanta repercussão que eu decide continuar, mesmo que em um domínio diferente. Eu tinha um "com.br", mas estou sem dinheiro para manter um domínio. Talvez depois.

Demorei um pouco para voltar, mas voltei. E vou cartigar mais ainda o quê/quem mereça o cartigo.

Se gostar do que leu e tiver um troco sobrando, seja meu padrim/dindinha! Me ajude a conseguir ter um domínio próprio de novo e pagar meu ônibus (tá caro).
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Um xêro enorme,
Isolda.

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